10/05/2011

Neusinha Brizola: Mintchura new wave

Ao vencer nas urnas e no grito as eleições para governador do Rio de Janeiro em 1982, Brizola não imaginara que o seu calcanhar de Aquiles dormia no quarto ao lado após se acabar na noite do Baixo Gávea.


Vítima de uma tentativa de fraude arquitetada pelo Governo Militar, em parceria com as Organizações Globo, que tentou impedir sua eminente vitória; Brizola se antecipou e denunciou a fraude eleitoral para a imprensa estrangeira. Desmoralizado, Roberto Marinho detectou na tresloucada herdeira de Brizola um meio de atingir a credibilidade política de seu desafeto. 

O bote da Som Livre
Companheira de farra e de pó de artistas globais e músicos do nascente Brock80, Neusinha Brizola foi contratada pela gravadora do clã Marinho, a Som Livre, nos primórdios de 1983. Gozando de suspeita liberdade artística para uma estreante e ampla divulgação na mídia, Neusinha encarnava a paródia de si própria ao cantar no programa do Chacrinha a profética Mintchura.New wave farofa que narrava suas desventuras ao aceitar o convite para uma festa onde estaria a Blitz: Chegamos em um bairro afastado numa rua escura/ O prédio era tão velho que não tinha nenhum elevador/ A cobertura era uma kitnet a festa era mintchura/ mintchura... mintchurá.


A estréia em um LP próprio, dispensando a prova de fogo da vendagem de compactos, e o clipe de Mintchura produzido pelo Fantástico evidenciam a intenção da Som Livre em patrocinar e divulgar o resultado das rédeas frouxas que Brizola mantinha em seus domínios. Produzido pelo mago Paulo Coelho, o álbum compila onze canções compostas em parceria com o roqueiro gaúcho Joe Euthanazia.


Inconstante, o canto de Neusinha é ora anasalado, ora infantil, recheado de efeitos sonoros com rotações alteradas; o clima é alegre e a linguagem sonora é uma mescla de onomatopéias de HQ e interpretações de teatro performático em versões para Geraldo Vandré e Beatles (Back In The U.S.S.R. virou Voltando a Nova Iguaçu, por exemplo).


O LP era uma mintchura inocente e engraçada a cada rotação por minuto.

A Sacerdotisa do Mate: o PT é muito Piazza
 Sob o lema da diversão e bom-humor, a “primeira-filha” quebrava o protocolo fazendo a alegria da oposição em escândalos sucessivos como o ensaio de capa da Playboy (embargado na porta da gráfica por Brizola), a extravagante cerimônia de casamento onde se vestira de Cleópatra para receber a benção do grã-vizir Paulo Coelho e suas constantes visitas aos morros cariocas e delegacias imortalizou a gíria “cheirar Brizola” como sinônimo de usar cocaína.


Inspirada pela campanha do pai, Neusinha propagandeava os fundamentos do Movimento Anarquista Tropicalista Energético (MATE): um ajuntamento pseudo-cultural, fundado em mesa de bar, que possuía meia dúzia de integrantes no qual Neusinha se auto-proclamava sacerdotisa. Nas páginas amarelas da Veja, ela definia o que era “ser mate”: é gostar da cidade, parar de ser contra o progresso, curtir tecnologia e parar com aquelas manias dos anos 60, de fugir para o campo, comer pão integral, andar com cabelo comprido e cheio de lêndea. Isso tudo é o “antimate”, é ser piazza.

 
Com muito escracho o MATE revelava a identidade do brasileiro criado na apatia da Ditadura: alheio a dicotomia política; crítico ao desapego material esquerdista; adepto da terceira via política e sexual e ansioso pelas delícias do desenvolvimentismo.E Neusinha confirmava: Piazza é a mania de ser hippie. Asa delta, surf, comida natural – tudo o que vira muito sério, meio religioso. O PT é muito Piazza!!! 


Neusinha - Neusinha Brizola aqui!! 


Neuzinha Brizola by mestradosmagos on Grooveshark


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2 comentários:

hahahaha boa! não conhecia essa história.

Pior que teve muita historia que ficou de fora!! Neusinha na Holanda, prisão por trafico de drogas, csamento com Paulo Coelho como bispo.

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