16/02/2011

Do right woman!! A frágil irmandade feminina

Mulheres unidas são capazes de  feitos memoráveis: dar o ponto certo da massa da empada, acabar com o tesão dos Beatles em cantar ao vivo, libertar-se de repressão milenar em poucas décadas, soterrar a caixa postal do João Bidu e fazer música boa como provam as divas do jazz, as rainhas do pop e as “sacudas” do rock.

Mulheres unidas também são capazes de equívocos memoráveis como não entender/ignorar/subestimar a fórmula da empatia entre persona e público de um reality show que já está na sua décima primeira edição.  Passam anos, passam Anas, e as sisters SEMPRE caem no erro craso de criar um clube da Luluzinha sob o lema equivocado, burro e utópico de Mulher nunca ganhou um BBB! .

Equivocado pois, duas mulheres já ganharam o milhão: a babá Cida e a tiazona Mara. Venceram por serem pobres, por darem chance ao público de fazer justiça social com as próprias mãos, ou melhor, com as ligações. Não ganharam por serem representantes do sexo “frágil”, e sim por representarem aquilo que vemos (talvez sejamos) todo o dia, mas que a televisão odeia mostrar: pobreza, baixa escolaridade, tragédias familiares, fatalismo, acalento do sonho da casa própria a cada prestação do Baú da Felicidade.

Destruidoras de almas.

Mulheres unidas perigam ser vencidas quando seus interesses entram em conflito. Mulheres frustradas são capazes de ultrapassar os limites da competição saudável e justa por uma gama variada de motivações: pretendentes, cargos, beleza, cantadas.

Diana e seus delírios "As mulheres vão dominar o mundo"
Em uma situação de confinamento como o BBB, onde amizades e amores transitam entre o “para sempre” e o “nunca mais” a fragilidade dos relacionamentos femininos evidencia-se: as sisters formaram uma máfia para eliminar os homens, os mesmos machos que elas assediam nas festas sob a desculpa da bebedeira; agora se voltam contra igual por pura inveja. Adriana foi isolada pelas mulheres por ser bela, enquanto os homens a ignoram por respeito ao interesse do belo e burro Rodrigão.

No livro Twisted Sisterwood a escritora norte-americana Kelly Vallen expõe as distorções da dita irmandade feminina, reiterando os conselhos das nossas avós: 90% frequentemente percebem maldade e negatividade emanando de outras mulheres, 85% afirmaram ter sido traídas por suas amigas, 75% disseram ter sofrido com o comportamento de amigas íntimas ciumentas e competitivas - um dos seus maiores traumas é um exemplo de como as mulheres podem ser cruéis umas com as outras quando sentem ciúme ou são ameaçadas: numa festa da faculdade Vallen bebeu demais, foi abusada por um colega, não foi socorrida pelas amigas que ainda a repreenderam, expulsaram-na do alojamento e criaram uma rede de intrigas que se estendeu por todo o curso.

Antes que fiquem de mimimi: as mulheres não estão fadadas a serem desleais, o que faz com que elas sejam mais propensas a comportamentos traiçoeiros é a forma com que trabalham suas frustrações e raivas: internalizando-as, remoendo-as, evitando a todo o custo o confronto direto. A válvula de escape, algumas vezes, acaba sendo “vinganças” bem peculiares. Como disse Valen: Enquanto os homens são capazes de machucar o meu corpo, as mulheres têm o poder de destruir minha alma.

Feministas míopes

Diana, Nathalia e companhia também demonstram altos índices de burrice ao acreditarem piamente que o público atenderá aos apelos de uma manifestação sexista e anacrônica: a mulher vai dominar o mundo, somos mais sacudas que os homens dessa casa, mulheres unidas jamais serão vencidas Uhu!!

Ignoram que há tempos a sociedade não está mais dividida em simples dicotomias: homens x mulheres, pobres x ricos, negros x brancos. Dentro das ditas minorias há um mar de interesses difusos, basta observar as diferentes características do elenco feminino do programa: bissexuais, transexuais, ingênuas, carentes, bobas alegres... O que as unem além do fato de terem uma vagina? O hino feminista Respect, na voz de Aretha Franklin, é um exemplo da heterogeneidade das “minorias”. Quem sentia necessidade de pedir respeito nos EUA sessentista? Mulheres de todas as etnias, negros reprimidos por décadas de segregação, jovens sob a sombra do alistamento. 

Negra, mulher e artista, Aretha Franklin bradava por respeito a todas as diferenças; e não tinha reservas em cantar sua feminilidade no álbum I Never Loved a Man (The Way I Love You). Ironicamente, Ottis Redding compôs a canção na intenção de pedir respeito e reconhecimento a uma mulher, a versão de Aretha somente reverteu os papéis. 

É preciso distinguir feminismo de revanchismo sexista. Colocando de lado teorias e radicalismos o princípio básico do feminismo consiste na igualdade economica-cultural-social entre os sexos, porém com os estrogênios em ebulição muitas defensoras do feminismo enveredaram pelo caminho da revanche discursando à exaustão o quanto são mais fodas que os homens: somos mais sensíveis, mais compreensíveis, a vagina tem poder.... E se perdem quando pensam que o caminho para a igualdade é imitar e superar as características masculinas.

Vencida a etapa da igualdade básica de oportunidades entre mulheres e homens, o feminismo no século XXI tem questões complexas a tratar: como investir na sensualidade sem retroverter a condição de objeto sexual? Como exaltar a feminilidade num mundo predominantemente masculino sem ceder ao revanchismo? Como falar abertamente do apetite sexual sem parecer uma puta aos olhos de outros? 

Questões que a tropa de calcinha do BBB está muito longe de ajudar a responder, precisam amadurecer as regras do clube da Luluzinha e abolir as simplificações infantis. Se eu fosse o Bial, diria: Feministas, crescei-vos.. o recreio acabou.
01 respect
02 drown in my own tears
03 i never loved a man the way
04 soul serenade
05 dont let me lose this dream
06 baby baby baby
07 dr. feelgood
08 good times
09 do right woman - do right man
10 save me
11 change is gonna come
12 respect stereo
13 i never loved a man the way (i loved you)
14 do right woman - do right man




Blog Widget by LinkWithin

3 comentários:

Pescadorparrudo da outerspace aqui.
Me identifiquei com seu texto.
Na verdade sou mulher.
Brinks.
Não sou, mas trabalho com muitas, e estão sempre brigando... Existem homens que não se gostam onde dou aula, mas cada um fica no seu canto.
E a mulherada volte e meia arranjando tretas homéricas por causa de bobagem.
Enquanto vocês não foram corporativistas como nós, certas coisas jamais irão mudar.
Desde uma coisa banal, como uma mulher ganhar um big brother por mérito (e não coitadismo), até noutras áreas.
beijo, vou ler com mais frequencia

Graaaande pescador!!

Confesse que tu é o alter ego da gotik :p

Mulher nao entende mesmo de corporativismo. So observar que a maioria dos caras nao curtem a Diana do BBB enquanto muita mulher se galinha pro MC Catra. :facepalm

Tu que está num ambiente essencialmente feminino deve ver isso direto: briguinha, ciúmes, falação, etc...
Já perdi bons professores porque as tias da escola ficavam com ciúmes ou levaram um toco do cara.

o coitadismo e o olho grande femininos são praticamente insuportáveis. falta desprendimento emocional e a boa e simples "parceria", que caracteriza boa parcela do relacionamento entre homens. precisamos de mais tolerância,amizade e metendo a Aretha no meio, Respect! Nanda

Postar um comentário

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More